2.18.2005

Um desafio para bons entendedores

Estava no meu quarto a ler e reparei numa musica - senti um velho caminho a abrir-se por entre as cidades e as serras do meu pais. Na minha terra viajei e encontrei segredos, comidas, pessoas que me fazem pensar e fui dar sem qualquer dificuldade e explicacao a um sitio transcendente: Sivozelo.

La percebi a morte. No sitio do meu acordar morreram ja dezenas de pessoas. Nao tinha chegado ainda o meu momento de deixar este mundo completamente. Nesse acordar um indigena surpreendente - que sabe tanta coisa importante - salvou-me. Chamou-me a razao. Mostrou-me os templos que apenas ele descobre. Imemorias de uma prehistoria que apenas Manuel Afonso me poderia mostrar. Foi ele que me desafiou um dia a perceber como e que se constroiem muros de pedra. Mostrou-me tambem fontes onde se pode beber com uma rede de pequenos fetos a frente da boca para nao levantar terra. Foi ele que quase me levou aos confins do seu territorio, me ensinou a cortar lenha, a amar a natureza e a perceber como e que se pode fazer parte do equilibrio das coisas e dos seres. Mostrou-me porque e que nao posso ir passear a galharda vestido com os meus calcoes vermelhos e como e que eu podia aprender a ser como ele: com o Filipe que saia comigo de amanha muito cedo para ir regar campos, por as vacas nos lameiros e apanhar ras.
Num almoco de muita gente no verao, o Manuel Afonso, chamou-me a atencao para o milagre da natureza numa garrafa onde estava uma pera muito maior do que o gargalo. Qual barquinho que se constroi para meter dentro da garrafa? Muito melhor... A pera cresceu dentro de um mundo que ditava o destino de uma agua ardente.

Foi com ele que vi tanta coisa bonita. Tantos livros. Uma colaboracao com a universidade do minho. Historias de viboras e mordeduras. Aprendi que as pessoas nobres nascem de um legado que esta para la de qualquer barreira cultural. Manuel afonso e um Buda que vive rodeado de livros, animais e serras. Tem os seus filhos longe mas preparados para enfrentar qualquer mundo. Isto e conhecimento que nao se pode perder. Viveu para uma joia rara que ele cuidou como ninguem mais poderia ter cuidado: A memoria de Sirvozelo.

E a musica que me levou a isso qual foi?
Aqui ficam alguns versos:

...orvalhadas
vira o vento e muda a sorte
...perdidos
foi-se embora o vento norte
muita neve cai na serra

SO SE LEMBRA DOS CAMINHOS VELHOS QUEM TEM SAUDADES DA TERRA

...
quem tem a candeia aceza
rabanadas poe em vinho novo
matava a fome a pobreza

...

Ja nos esqueceste a lonjura
anda a noite a aventura

SO SE LEMBRA DOS CAMINHOS VELHOS QUEM TEM SAUDADES DA TERRA

No comments: