2.09.2005

Ideias para trabalhar

O que é que no meu trabalho não é ideia?
Mergulho dentro do que faço e penso para tentar descobrir as palavras que já dominaram a minha vida. Foram várias as que me percorreram o corpo. Más e boas, são todas palavras que já não se prendem a estes quarks rodopiantes que vou sendo.

Primeiro fui palavra e amor. Depois caminho. Razão. Ler. Visual. Disciplinas de tempos que me construiram. Prazeres inocentes. Partilha. Concentração. Foco. Controlo. Verdade. Perfeição. Intelecto. Teoria. Ciclo. Escudos. Morte. Perda. Angústia. Depressão. Ciência. Escrever.

Depois vieram os momentos de revolta: psicologia, análise, meditação, paixão, redescoberta, emoção, pintar, falar, chorar, luta, força, acidentes, persistência, prazeres não inocentes, dar, divergência, visão, periférico, viajar, relatividade, probabilidade, liberdade, errar, imperfeição benéfica, entrega, caos, sentimentos, arbitrário, acção, practica, prescindir, conquista, momentos, felicidade, arte e viver.

Hoje o que vou criando é tanto sobre o que já fui como que vou sendo e tentando ser. É sobre o que já vi de pior e de melhor. Sobre o vazio profundo, o silêncio e a impossibilidade de nos colocarmos na pele daqueloutro. E também sobre a vontade de encontrar, de ver pensando, de dar recebendo e de sonhar fazendo.

Será que no futuro vou escolher a ciência para povoar as palavras que acompanham o que me sai das mãos? Ou será mais a distância? O entretanto? Onde quer que vá sinto que preencho frestas que não são nem só visuais, nem conceptuais. Sinto-me a melhorar por conhecer situações diversas que vão da filosofia permanente que me apaixona, às prendas que se podem dar envoltas em fita magnética que só gravou silêncio. A cima de tudo é força de criar fazendo. As minha caixas não se abrem a quem as vê. Fecham-se para criarem vontade. Pulsão. Acho que hoje sou muito isso: Impulsão. Mas falta-me tanta coisa para vibrar na frequência que quero. Quero ser uma onda de altos sem baixos. Uma curva suave ascendente que não pretende ser exponencial mas que foge acima de muitas rectas. Gostava tanto de ser uma curva livre de grelhas. Um desenho que se vai criando na intimidade que nos semeiam quando nos põem ao colo para pegar na caneta sem sequer se dar por isso.

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