7.18.2005

New York das partidas partilhadas

Hoje já o sol nasceu e mais uma vez eu não dormi. As pessoas perguntam-me se é por andar a pintar… e também porque é que não estou eufórico por partir para a capital do mundo. Nunca escrevi aqui sobre estas coisas de ter uma vida concreta e outra em que me vou criando... mas é por essas bandas que habita a explicação.Nessa outra vida eu vivo um filme em que sou simultâneamente realizador e protagonista. Nesse mundo que criei sozinho está quase sempre a chover mas isso não me faz triste. Quando fui para lá comecei um ciclo infernal de partidas e chegadas, encontros e desencontros, coisas que se foram fundindo e tornando uma mesma coisa. A ponto de eu não saber o que é casa e o que é sonho. Lá sonho em inglês e quando lá cheguei morreu toda a gente que eu conhecia no mundo. Restaram apenas alguns livros que me tinham ajudado a chegar a uma ilha em que tive de criar um quarto com lixo que apanhei. Não havia água... apenas cervejas de muitas cores diferentes. Nâo havia obrigação de amar, nem de partilhar e no entanto isso foi o que se manteve constante em mim. A filosofia, a poesia, a ciência e a psicologia ajudaram a tornar tudo muito mais intenso. Mas o pior foram as pessoas que deixei cá no quadrilatero. As pessoas que amo. Os rapazes e as raparigas ostra… Quero amar esta gente tanto que as faça acordar para o que elas próprias mais desejam. Perco-me. Esqueço. Sofro por partir outra vez e por não voltar a estar com tempo aqui no sítio onde cresci… até para o ano pessoas que amo. Até já.
Comprei um grande livro de Rilke. No mesmo dia o absurdo aconteceu e meti o Harry Potter no mesmo saco. E pior é que isto não é sarcasmo. Absurdos... como é que é possível adorar ver desenhos animados aos domingos de manhã e só ter prazer a ver obras primas da história do cinema? Como é possível amar tanto alguém que não pode ser amada?

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