Começar a apanhar do ar...
A pintura era quase tudo numa sociedade criativa. As letras e as imagens eram todas feitas à mão e a magia era criada na cor da paleta e aplicada com toda a tradição e enovação na superfície emaculada da tela. A química tinha como origens as tintas e as cores e a medicina tratava apenas das doenças provenientes do contacto com as tintas mas havia um efeito de que ninguém se apercebia: as tintas continham alucinogéneos que alimentavam a imaginação do criador e do observador. O acto de lamber o pincel já era universal. Simplesmente todos aqueles que não o faziam eram considerados inaptos e a sua infelicidade prolongava-se pelo facto de não conseguirem retirar tanto prazer da pintura, e naquele caso da vida, como os outros. Era a grande diferença entre o mundo normal (o mundo da alucinação permanente) e o mundo na ausência de químicos psicoactivos que apesar de prolongar a vida, estendiam de forma dramática a agonia de ser absurdamente diferente. De o ser sem razão aparente e não desfrutar do sentimento de união de toda uma sociedade.
A minha paixão começa onde desaparece a possibilidade.
Quanto mais sonho mais me afasto dela e mais perto fico de continuar eu, comigo, sozinho...
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