1.16.2005

Deslumbramentos - Um clássico dos anos 90

O DIA 1 do resto das nossas vidas



Era uma vez um rapaz chamado Manel. Depois havia também um chamado Paulo e outro chamado Hugo. Para variar (e foi mesmo para variar), começaram a falar de mulheres. Mulheres são mulheres, e contra isso não há nada a fazer. É triste. Não se pode viver com elas, não se pode viver sem elas. Falou-se novamente nos problemas amorosos de cada um (os que os tinham), e das raparigas que realmente valiam a pena. Mais outra infeliz descoberta, não as há. A mulher ideal é como o gás ideal, só na teoria. É complicado, mas quanto mais se procura, mais parece evidente que nunca se vai encontrar ninguém. Viver sem uma mulher? Não é nada impossível – Newton morreu virgem, segundo se conta. Mas o homem não foi feito para isso. Por muito esforço que se empregue para nos abstrairmos do amor, superá-lo completamente é impossível. Mas não se compreende. Perguntarão vocês: se não há mulheres de jeito, então porque falam eles de amor? Bom, há a manutenção da espécie: é para isso que as pessoas hum…. Mas amor não é só isso. Poderão afirmar que amor é a desculpa que o nosso inconsiente dá para a manutenção da espécie. Quem sabe? Mas pelo sim, pelo não, vamos admitir que até nem é. Onde está o amor? Onde está a mulher? Andará perdida? Escondida? Ainda está para aparecer? Ou entretanto vai aparecer outra qualquer que nos engana e convence a casar com ela. E vivemos a vida inteira com ela. E morremos ao pé dela. Ou então aparece ainda outra, que nos engana ainda mais bem enganados, e nos força a fazer coisas estúpidas (elas forçam-nos sempre a fazer coisas estúpidas). E arrependemo-nos. Mas que mal fizemos nós? Caímos na tentação. Caímos na tentação de ceder a outra que não a mulher perfeita. Cedemos perante aquela necessidade asquerosa que todos os seres humanos têm, graças à qual existem coisas como o Canal 18 da TV Cabo, ou certas revistas de conteúdo dúbio. Por causa disso cometemos o erro de casar não com uma mulher que verdadeiramente amamos, mas com uma que nos fascina, ou com uma que nos seduziu, ou pior ainda, julgamos que encontrámos a mulher perfeita, e só nos apercebemos da realidade quando já é tarde e não podemos voltar atrás. Talvez o matrimónio exista por isso mesmo. Para nos torturar uma vida inteira com os nossos erros. Se duas pessoas se amam verdadeiramente, que necessidade há de fazerem um contrato uma com a outra? Claro, claro, somos putos de 17 anos, que nada sabem da vida, que nunca (bom, quase nunca) namoraram, e nem sequer viveram um instante de vida conjugal. Verdade. Mas embora tenhamos isso contra nós, temos algo a nosso favor: a pureza das intenções. Ainda não fomos corrompidos por falsos amores que depois se tronam fardos. Ainda não corremos riscos de confundir amor com grandes amizades. Manel, fala baixo, que os vizinhos estão a dormir. Fixe. O Manel lê poeticamente o Novo Testamento. Ligam para o canal 18. Está uma gaja a anunciar um site na Internet. Apalpa frenéticamente os seios. Toda a gente se caga literamente a rir. O Manel lê-nos a parábola das 10 virgens. Que parábola tão fofa. Olha, por falar em parábolas, lembrei-me das cónicas. Que seca. O Manel lê-nos mais uma passagem do Novo Testamento sobre a fornicação (falam das prostitutas). Aquelas tretas do costume. Mas o mais engraçado é que enquanto no Novo Testamento está escrito “imoralidade”, o Manel leu “imortalidade”. Isto montes de vezes seguidas. Segue-se o desespero. Como não podia deixar de ser, fala-se na amada do Manel. Segue-se ainda mais desespero. Agora o Manel veio ver o que eu estive a escrever todo este tempo. Leu a parte dos seios. Leu e cagou-se a rir. É sempre giro recodar bons momentos. “Que nojo” diz o Manel. Concordo plenamente. Mas que é giro, lá isso é. Tou farto de escrever e o Manel está a propor-se para me substituir. Lá vem ele! Faça-se parágrafo!!!! (som de tambores)

O Hugo é sem dúvida original! Eu infelizmente acabei de apanhar o primeiro “NÃO” da minha vida por isso é natural que não seja nem tão original, nem tão interessante, o meu parágrafo vai limitar-se a um desabafo! Tenho de esclarecer aqui uma coisa: apanhei o primeiro “não” porque também nunca tinha arriscado nada a nível sentimental. A minha auto-estima está na valeta e no entanto sei que desistir não é uma possibilidade. No fundo agora que estou convencido de que A encontrei não tenho a resposta certa! Afinal o Amor significa risco, atracção, loucura, sentimento, emoção, intenção, sonho, admiração, melancolia, sabedoria, suporte, interajuda, vento, lua, sorte e azar(independentemente da sua causa)! Sim esta última palavra é que não devia constar nesta porra de lista! A Sara vai ser aquilo que eu imaginei porque para mim, mesmo que digam que já estou cego, ela é a luz mais forte e interessante, quase de certeza a única luz! Hoje só vos digo uma coisa: vou esperar pela Sara e simultâneamente vou cingir-me à amizade e ao estudo da medicina! Sim, estou convencido que vou conseguir pôr em prática a minha teoria! Mas vamos saltar para outros assuntos que o nó na garganta começa a tornar-se insuportável. Esta conversa vai ser lida por várias pessoas por isso é melhor não começar a exagerar nas confissões…Não há fim nem princípio por isso a passagem da Bíblia que o Hugo agora está ler só faz sentido enquanto referência: tal como as 12 horas. Já tinha lido o Apocalipse, ou melhor, a minha avó já me tinha lido esta parte da Bíblia que por sinal me disse muito. Eu sou aquilo que penso, que amo e o que pretendo ser. Por isso sou o que capto pelos sentidos, sou a intenção e o sentimento. A melodia toca-nos e sabemos que tudo vale a pena nem que seja pelo nada, o nada é tudo…A confusão instala-se e o cérebro bloqueia na imagem…Não consigo falar de mais nada sem ser ELA. A MINHA DEUSA, MUSA,PERFEIÇÃO, VERDADE, SONHO, MARAVILHA… Bem é melhor acabar com a maradice que já se começa a tornar obsessivo. Bem agora que o Hugo me disse que cometi milhares de erros de ortografia e que a minha auto-estima subiu ainda mais um bocadinho acho que já estou pronto para o suicídio: a busca da imortalidade. O Paulo está a ver-se ao espelho e o Hugo continua a ler a mesma passagem da Bíblia ao som de uma música de apanhar no CU! Vou passar ao Paulo! (ouve-se de novo o som dos tambores)

Olá! Acho que já sabes quem eu sou… ( o Paulo ). Bem, pelo que já leste até agora deves estar de rastos e de certeza que viste coisas que não gostaste. Por isso vou tentar ser simpático e escrever de uma forma suave. Depois de termos respondido a todas as questões fundamentais da Ciência e Filosofia falta-nos a questão última nunca antes respondida com sucesso : O que é a Mulher? Bom não sou eu que vou responder, vou só ajudar nessa dúvida mundialmente importante. Estava ali a olhar-me ao espelho e percebi a sorte que tenho em ser rapaz! Só assim posso saber como a mulher é importante. A mulher é tudo para mim. É a luz e todos os outros adjectivos que possas pensar. É a razão que faz o homem viver. É a perfeição aos olhos do homem. É tudo o que eu quero para atingir a felicidade. Mas será que vou encontrá-la? Duvido. Até agora, para além daqueles humanoídes que se dizem do sexo feminino e que abundam na população humana mundial, apenas encontrei alguns poucos exemplares que se possam assemelhar a algumas características da mulher. Por vezes (poucas) penso que a encontrei, mas rapidamente regresso à Terra. A coisa mais frustrante que há é querer amar alguém que não se encontra. Estou já a perder a paciência. Será que eu nunca me vou cruzar com ela? Será que vou viver solteiro para sempre? Isso não vai acontecer, depois de perceber que a mulher não existe só me resta submeter-me à rapariga com menos defeitos que eu encontrar. O Manel está para ali a ler uma coisa estúpida e eu perdi a inspiração, por isso, se até aqui isto estava uma seca, agora vai piorar ainda mais. Então é esta mulher (algo que só existe no mundo das ideias) que nos faz ver os defeitos de todas as raparigas e procurar o que não existe. A mulher é então uma ironia. Nunca poderemos amar verdadeiramente ninguém pois não existe a mulher perfeita. Então nunca seremos felizes. E mesmo se encontrarmos alguém perfeito rapidamente percebemos que esse é o seu maior defeito. Tudo o que é perfeito é cobiçado por todos e nunca será só teu. Assim já sei que nunca serei feliz e que nunca encontrarei ninguém que me satisfaça totalmente, por isso acabou aqui a busca. Não vale a pena. O Manel procura sexo numa Enciclopédia de Medicina e o Hugo está a olhar para esta merda que estou para aqui a escrever. Agora estão a discutir se há beijos sem troca de saliva. O Manel encontrou a técnica de auto-exame dos testículos. O Hugo lê atentamente enquanto o Manel se parte a rir. Quero encontrar uma rapariga de quem goste, sem ver defeitos. Quero que seja ela a vir ter comigo. Quero que seja tudo perfeito. Quero que isto não seja um sonho. Quero ser feliz. Quero que todos sejam felizes. Quero que o pai natal exista e quero que todos se fodam eternamente.

Carago! O assento está quente! Faz-me impressão que parece que alguém se mijou aqui. OK, já passou. O Manel está a excitar-se com técnicas de Aikido (tadinho do Paulo). Disseram-me que isto ia talvez ser lido por outras pessoas. Já me sinto intimidado. O Paulo abre um livro “Sabia que” na página 666(não podia ser outra!). Fala de bebedeiras. Ah! Perdão, enganei-me. Vamos falar bem. Fala de Efeitos da Ingestão de Álcool. De facto, os tempos mortos vão passando, mas volta e meia o pessoal lá se caga a rir com qualquer coisa. Não pensei que isto pudesse mesmo ser lido por outras pessoas. Não escrevi estando preparado para isso. O Paulo estava preparado (começou logo no engate). Mas enfim. A solução talvez seja ignorar o facto de alguém poder vir a ler isto. São 3h50 da manhã. Ora bem, vejamos: que estupidez vou eu meter aqui agora? Mmmmmm… Falemos de mulheres, O tema é deprimente. Provavelmente as raparigas quando se juntam e falam de homens também ficam deprimidas. O Manel lê qualquer coisa sobre estátuas feitas à 35 mil anos, de Vénus. Ora bem, isto agora lembra-me uma história, estava eu na Madeira, e chega-se ao pé de mim o Manel, ligeiramente tocado pelos efeitos do álcool (tanto que não conseguia andar direito) e aponta para mim de lado e diz “vocês…. Vocês…. Vocês não me conhecem!”. Enfim, achei importante referir aqui este pormenor histórico. O Manel diz mesmo que nós não o conhecemos. No outro dia disse que a Sara conhecia-o melhor em certos aspectos do que nós. Tenho tanta inveja. Isto agora é fixe, porque sabendo que outras pessoas poderão vir a ler isto um gajo pode armar-se em porco. Ho Ho Ho! Então deixa ver se eu me lembro de mais alguma para contar… Epá, já vos contei aquela do Manel – é incrível, eu ia mesmo começar a escrever sobre isso, quando ele me falou da mesma coisa. Transmissão de pensamentos. Eu sou mesmo muita bom. Qualquer dia ensino-vos a fazer isto. Bom, então, como eu ia dizendo, a razão porque as histórias das estatuetas lembra a Madeira, é porque lembra outra paranóia do Manel, desta feita por outra pessoa. Acontece que ele apaixonou-se, e acabou por se embebedar. Coitada da rapariga teve de andar a esconder-se atrás dos cortinados para que ele não a encontrasse, tal era a profusão de declarações de amor tórridas que por aquela boca discorriam! Chamou-a de Vénus! Estendeu-se no chão, completamente derreado! Oh! Que profundidade! Que sensibilidade! Que paixão! Que amor dedicado! No outro dia acordou com uma ressaca que jurava não querer ver a rapariga à sua frente nunca mais. O Manel é assim. Agora o Manel disserta sobre as diversas relações entre o Diabo, santos e glóbulos vermelhos. E não, ele ainda não bebeu nada esta noite. Nem sequer uma coca-cola. O Paulo está aqui ao meu lado, a querer escrever. O Manel procura associações de significados nos dicionários na página 666. Agora estão os dois a olhar para o ecrã à espera que eu acabe de escrever. O Manel chamou-me cabrão. Agora mandou-me po caralho. O Paulo está a dizer que eu gosto de uma certa pessoa que eu não vou dizer aqui, só mesmo para criar suspense. De qualquer das formas, ela nunca vai ler isto, por isso, escuso de ter problemas. PS – Ela tem uns olhos muita giros, mas é só isso. Só isso! Estes rebarbados sorriem. “só isso” e riem-se. Tsk Tsk. Olhem, eu sei que queriam que eu continuasse a escrever, mas o Paulo está-me a mandar embora. O Manel diz que é ele que vai escrever a seguir, e diz porra (todos me olham com cara de seca! Pronto!)

Daqui Manel!SOS SOS SOS! Tenho de esclarecer urgentemente aqui umas coisas. Eu impus a mim mesmo um estilo de vida do mais duro que se pode imaginar: sem sexo, sem divertimentos mundanos, sem drogas, sem namoradas, sem luxúria. Só permito a mim mesmo actos puros na intenção. Mas para ser puro tenho de conhecer o que não é. Foi essa a razão da bebedeira. A minha vida resume-se ao mundo das ideias e à busca da imortalidade e da teoria do tudo. À parte destas duas actividades tive esta bebedeira que o Hugo pespegou e agora a odisseia da Sara! O Hugo diz neste momento que vai morrer virgem da parte da frente e da parte de trás. Diz que não vai casar e que quer continuar virgem de boca (não de broches mas de beijos). O Hugo continua a delirar na cama do irmão do Paulo e já são 4:30 da manhã. Agora, depois de me desculpar só falta dar algo de novo a este texto. O que gostava de dizer é que existem duas definições de mulher que nem vou classificar: 1ªA mulher é aquela coisa à volta da vagina, 2ªA mulher é como um homem mas sem bom senso e responsabilidade! Horror! É o que sinto (não em relação às mulheres mas em relação às definições). Bom agora só deixo uma pergunta: Somos seres limitados por nós próprios ou por factores exteriores (se é que somos de facto limitados)? O Paulo vai continuar… (eu sou bom e os ciclos são a teoria…)

OLÁ GARINAS, SOU EU OUTRA VEZ!!! O PAULO. Vou tentar descrever agora o dia normal da vida quotidiana de uma rapariga típica do final do milénio. Depois de acordar e ligar a rádio Cidadgeee vai pôr-se toda bonitinha para ir ter com os colegas da escola. Pega no capacete e prego a fundo. Chega atrasada à 1ª hora. Na segunda, passa a aula toda a falar sobre o último programa do além. À 3ª hora, balda-se para ir jogar matrecos ou snocker. Na quarta hora tenta convencer a stôra a adiar o teste porque hoje é o último episódio de duas das cinco telenovelas que vê por dia. Quando toca vai comer um Big Mac e decide deixar de andar com ujm rapaz para esperimentar o sabor de outro. À tarde passa as duas horas de matemática a pensar onde é que vai na Sexta à noite com os amigos da Night. Entretanto pergunto-lhe o que é a vida para ela. Ela diz que não pode pensar nisso porque tem que ir a correr para casa ver o Draggon-Ball e a telenovela das cinco porque há lá um gajo muita bom e que é um grandá actor. Depois do lanche vai à explicadora para ela lhe fazer os trabalhos de casa e vai para casa ver o resto das novelas. À noite, antes de anoitecer ainda tem tempo de ler a Ragazza (não sei como é que se escreve) e saber qual vai ser o signo do seu namorado da próxima semana. Achas que é possível eu alguma vez vir a apaixonar-me por uma coisa destas? Nunca! O que é que aconteceu aos valores, às ideias, ás conversas, à Humanidade? Certamente não estou a falar contigo. Se estás a ler isto é porque, provavelmente, conseguis-te captar a nossa atenção por seres diferente. Por seres uma pinga línpida nesta nova poluição. Espero que continues assim. Quero que te aproximes cada vez mais da mulher que eu tanto procuro para que eu me possa apaixonar por ti. Ou então, para não correres o risco de eu te chatear, pega no capacete, no cartão do Coconuts e polui-te. Parabéns! És das raras espécimes que ainda salvam a tua geração. Bom, já são quase cinco da manhã. Já são horas de estares a dormir! O Manel parece um sem abrigo. O Hugo está preocupado com o teste de Química. Agora está a ver jogos de computadores e não sabe como é que vai paar casa. O Manel está completamente apaixonado. Apaixonado e cheio de sono. O Hugo está a atrofiar e eu estou farto de escrever esta obra prima que vai revolucionar o mundo e transformar o próximo século em algo muito melhor. Este documento vai mudar o rumo da História da Humanidade!!! (viva os mongos do sporting)

(Viva o Mundo)
(Viva a realidade)
(Abaixo a felicidade)
(Viva a filosofia)
(Viva as mulheres)
(viva as raparigas)
(Viva as mongas que entertêm os rapazes que andam cegos)
(Viva tu)
(Viva o Hugo)
(Viva o Manel)
(Viva o Paulo (eu))
(Viva o silêncio)
(Viva o final deste texto)
(Viva a continuação)
(Viva a vida)
(Viva com cuidado, bom senso e responsabilidade)
(Viva o AMOR!!!!!!)


O Manel diz que a gente devia por uma ordem nisto. Coitado. Diz que eu devia responder à pergunta dele. Ele disse-me agora qual era a pergunta, porque eu já não me lembrava. A pergunta é se o homem é um ser limitado ou não, e se é, porque é. O Manel lê uma coisa qualquer sobre abortos. O Manel pede para eu pensar. O Manel tá-se a passar. Pensar às 5 da manhã?! Só se for em sexo ou uma treta qualquer que não requeira muito esforço mental. O Paulo foi buscar um livro de anedotas. Bom, para já, gostaria de constatar aqui um facto importante. Da mesma maneira que o álcool influi negativamente na capacidade mental de uma pessoa, o sono e o cansaço também. Estou incapaz de pensar em coisas de jeito. Ah! Vou-vos falar da minha decisão do celibato. Resolvi não namorar (não que alguma vez o tenha feito mesmo a sério), e dedicar a minha vida inteira a qualquer coisa menos estúpida do que uma mulher. A propósito: o Paulo contou agora uma anedota. Disseram a Bocage que não havia prazer melhor do que dormir com uma mulher. Ele constestou e disse que cagar era melhor. Porquê? Porque se estivesse na cama com uma mulher e lhe desse a vontade, largava a mulher na cama e ia a correr à casa de banho. Bocage era um senhor! Bom, continuando, não quero dedicar a vida a uma mulher que não seja verdadeiramente a mulher. E como essa não existe, bom, é chato, mas logicamente não tenho outra alternativa. Quanto às outras? Espero bem que não ceda a nenhuma tentação de nenhuma mulher. Felizmente, acho que nenhuma que seja capaz de me seduzir está interessada em fazê-lo. Tenho sorte. Isto está morto comó caraças, por aqui. O Manel lê a breve história do tempo e o Paulo lê um livro de anedotas. Eu escrevo no computador, como devem poder calcular. O Manel diz que eu tenho de acabar com isto para dar a vez a alguém. Como não estou a dizer nada de jeito, faço uma retirada estratégica, e dou lugar ao próximo descererbrado. MANEL! Vê lá o que escreves (Porta-te bem e tenta não falar dela)

O Hugo escreve e não diz nada! Mas eu gosto de pensar mesmo quando morro de sono. A sensação das teclas a ceder debaixo dos dedos é agradável, eu diria mesmo orgásmica! Quando o sono é brutal como está a ser os sentimentos fluem e e apesar de não dizermos nada de jeito estamos convencidos que estamos a escrever um best-seller. É giro o ambiente que se cria no quarto de um adolescente quando três amigos fazem uma directa a escrever e ainda por cima com testes nas proximidades. As cortinas estão enroladas em cima da secretária, as camas enrugadas, os cds espalhados, os candeeiros caidos…é lindo, é caos! Sabem a sensação da pele seca que fica agarrada às pontas dos dedos quando passamos as mãos nos lábios? Bem nem sabem o que é enrolar essas peles microscópicas e imaginar o esmagamento de um universo que em segundos vai ser projectado para a alcatifa. O livro das anedotas monopolizou a atenção dos vagabundos que se riem, roncando das ordinarices! Subitamente surge um livro de equações diferenciais que se revela de complexidade superior! Vamos lá voltar à realidade e interrogar-nos: o que é mais fabulosos de tudo o que está a acontecer neste momento? Será que é a Sara estar viva, será que é o conhecimento que se expande um pouco por todo o mundo, será que são as anedotas que o Paulo lê, será a teoria do tudo? Para mim é uma só coisa: eu estou consciente de tudo isto! (Aqui eles falam de quecas...)

Paulo – Isto está óptimo! A decadência é total. São sempre bons estes momentos de descontração. Também adoro estar consciente disto tudo. Adoro saber que a Sara e muitas mais pessoas como ou melhores que ela ainda habitam este planeta. Ainda existe esperança que eu encontre alguém. O sonho ainda não acabou. Odeio as mulheres. Adoro as mulheres. Que assunto tão complicado. O Manel tenta compreender as anedotas. Não tem jeitinho nenhum. O Hugo já está no vício da Física e a música está óptima. Viver é um espectáculo. Obrigado Deus por me dares esta oportunidade única de conhecer este planeta tão belo e magnífico, mas decadente ao mesmo tempo. Estou a viver a altura crucial da Humanidade, isso é óptimo. Cabe á minha geração definir a direcção a tomar no futuro. É bom saber que posso contribuir, nem que seja muito pouco, para o desenrolar da História. É mesmo bom viver. Não tenho sono nenhum. Sinto o meu corpo. Estou vivo. O sangue corre, os músculos contraiem-se, os dedos mechem e o cérebro funciona. È óptimo. Acho mesmo que a melhor coisa da vida é viver. Esta sensação espectacular de existir, de ter uma oportunidade de conhecer tudo e ao mesmo tempo não saber nada. É LINDO. É estúpido, mas quero continuar assim. Procurar na ignorância. Afinal a busca é sempre melhor do que depois de já se ter alcançado. Isto em relação a tudo. Foi um momento. Amanhã tenho teste de psicologia. Adoro a disciplina, detesto a stôra. È mulher (estou a gozar). Já não sei o que escrever mais. Já deves ter reparado que estou completamente desesperado. Preciso de uma namorada. Tenho imenso amor para dar mas não encontro um destinatário. Já não sei como procurar. Adoro algumas poucas raparigas, detesto todas as outras. O mundo é o melhor que há. Não há nada melhor do que estar consciente daquilo que ele nos pode oferecer. Somos todos uns sortudos por ainda estarmos vivos e poder conhecer cada vez melhor este paraíso e todos os seus habitantes. Acho que estou a ter uma crise de optimismo. É bom sentir-me VIVO. Lindo. Já me estou a repetir. Eles adormeceram. Eu estou quase.
Parece um pouco confuso, mas isto é o começo de um longo texto que vamos todos fazer para a posterioridade. Está confuso porque nós hoje também estamos confusos. Confusos e desiludidos. Não levem a mal mas é mesmo isto que estamos neste momento a sentir acerca das mulheres. Para nós elas são o tudo e o nada. Detestamos as mulheres mas adoramos as mulheres.
Até á próxima e (aluaize uatch gude moves)

Citação do dia:
“ As mulheres são todas umas vacas!!!…porra! Eu se fosse a vocês não olhava lá para fora! Está tudo com um ar muito azul… Epá, acho que está a amanhecer…Que horas são?! 6h15?!” <- Hugo logo depois de acordar e olhar em volta a ver se ainda estavam a escrever no computador

Já agora, vocês não acham que este gajo se estava a passar a escrever estas coisas todas? É incrível! PAULO deixa o vício. Quando cresceres vais ser praí chulo. Ou qualquer coisa assim. Só pode. Com esse paleio engatas as meninas todas e põe-nas a trabalhar para ti. Devias ter vergonha! Sabes como são mentes fáceis de influenciar… Enfim! Não havia necessidade.

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