1.24.2006

I-POD(er): É hora de voltar ao real

Sem conseguir inventar mais desculpas para mais "delongas" - adoro esta palavra sem razão aparentemente nenhuma - sou forçado a agarrar um pedaço de relva e a manter-me firme junto ao chão. Não compreendo o que me faz correr. Mas que é um facto que alguma coisa me dá uma pica imensa, quanto a isso não há dúvidas. A apatia à minha volta estimula-me assim como a euforia. Tudo é um estímulo incessante. Aquilo que as pessoas menos valorizam são normalmente factores essenciais para que a produção comece a acontecer. A espera é uma coisa que se perdeu. Já ninguém sabe o verdadeiro significado de paciência. O silêncio é destruido logo à entrada dos ouvidos dos cidadãos semi-autistas deste mundo. Será que vou ceder rapidamente a essa tentação de acreditar que estou sempre num filme cuja banda sonora são as minhas bandas favoritas? Na sensação intensa de que há necessidade de uma revolução dentro de cada individuo pergunto como é que se estimula essa revolução em pessoas hiper-estimuladas por televisões, internet, filmes, i-pods, sexo por todo o lado, comida a rodos, conhecimento acessivel em todos os quartos e salas, aviões para os levar a ver o terceiro mundo... Humm como é que se acorda esta gente do tranze? autismo? hiper-estimulação? Da falta de calma para ouvir a sua própria respiração... ouvir os outros que estão perto delas. Tocar o mundo como uma criança. Esquecer as mensagens escritas e estar numa sala a conversar, atento ao mundo que está perto fisicamente e que é sempre o mais importante naquele momento. Será que isto são falsas perguntas? Será que são parangonas de uma pseudo-intelectualidade perdida? Não entendo a necessidade da violência do stress, nem da frustração de não se ter certas coisas ou pessoas... Chega de pensar que sonhar é ter coisas, estilos de vida ou pessoas. Sonhar é pura e simplesmente baralhar a vida como se faz a um baralho de cartas antes de começar o jogo, mas navida pode acontecer todas as noites. É preciso saber que estamos a lidar com possibilidades e não desejos. É bom percebermos que não há estrelas por um lado e numa outra esfera pessoas normais. Frequentemente eles até são normais e burros demais. Era bom que todos eles dedicassem 30 minutos do seu dia a olhar para o tecto a pensar sem medo sobre o que querem dizer aos rebanhos de ovelhas que os seguem e imitam sem sequer presentir os perigos (ou riscos sequer).

Está na hora de aprender a ouvir um amigo chorar.

No comments: