O Luís Miguel cresceu... foi o que pensei quando vi este vídeo do gato fedorento. Isto porque nunca mais me vou esquecer daquela famosa reportagem do telejornal que passou há tantos anos... e passo a explicar:
Tinha eu os meus 6 anitos e estou a ver o telejornal com a família toda quando apresentam uma reportagem de um puto autista que vivia no interior de Portugal num lugar com um nome parecido com Nenhures. A reportagem era chocante... via-se o desgraçado do miúdo a babar, a gritar, a ser trancado num curral a cabecear a parede afincadamente... estão a ver o cenário... Como menino bem comportado limitei-me a perguntar o que era aquilo. Em vez de ter sido feito um drama típico de qualquer família chata portuguesa, durante o qual se perguntaria em alto e bom som para ninguém como é que aquilo era possível e se terminava com o comentário filosófico (citado magistralmente por José Gil) "É a vida..." Mas não nada disso. Na minha família a coisa resolveu-se muito melhor e de uma forma bem mais suave. A resposta foi clara: és tu num dos teus ataques! HAHAHA. A risada foi geral. Passamos anos a rir de mim. E as minhas caretas evoluíram muito graças a este episódio memorável de jornalismo de porcaria. Assim se foi desenhando uma personalidade que tinha por principal objectivo chocar... não um ovo mas provocar atrito com o "normal". Nunca cheguei perto, feliz ou infelizmente dessa obra prima da RTP... a fantástica reportagem sobre o Luís Miguel.
Ainda relativamente a este vídeo (que encontrei depois de 3 horas a ver gato fedorento sem parar no You tube) tenho a acrescentar que fico triste por sentir que perdi tantos episódios que só agora graças às maravilhas da internet posso "recuperar". No verão nem sequer sabia o que era Kunami fresquinho e todos os meus amigos o gritavam bem alto quando nos encontrávamos embriagados. A solução foi simples: fui obrigado a pela primeira vez na vida gritar algo bem alto sem fazer ideia do que era. Concluindo posso dizer que tenho a certeza de que estou a perder as raízes. Hoje em dia divirto-me com coisas de muito pior qualidade do que o Gato Fedorento como o Mighty Bush que recomendo a todos os que tiverem o privilégio de conseguir ver (especialmente se gostam do equivalente lusitano). Quem me dera poder estar cá e lá como foi dito na grande entrevista da RTP. Afinal de contas é impossível viver neste mundo global e retirar o melhor de dois mundos. É impossível ver o melhor e só melhor de mais de duas ou três culturas europeias bem distintas. É uma desgraça. Nem acredito que a minha família já nem vai reconhecer aqui o "careca"... provavelmente chego a Lisboa e tenho os meus Avós a falar com vocabulário de alguma série recente que já não consigo acompanhar por ignorância objectiva. É a desgraça do mundo - esta coisa da globalização. Recomendo portanto, e só para terminar esta conclusão de qualidade deste texto tão fortemente inspirado nos nossos quatro amigos, aquilo que originou todos estes pensamentos maravilhosos: por favor visite o site oficial da rtp e a veja em streaming a grande entrevista desta semana para que se perceba em que mundo vivo. Este maravilhoso mundo globalizado em que tudo é bom e positivo em que todos temos o dom da ubiquidade e em que ser português significa poder ser líder de multinacionais e portanto do mundo. Será que ele está a tentar referir o 5º império que o Pessoa e todas as professoras de Português até ao nono ano não se cansavam de referir obcessivamente?Que bom que é saber tanto sobre empresas e nem sequer mencionar por um segundo o terceiro mundo: para o "José" (convidado do Cavaco, cujas atitudes muito admirei e com o qual me identifiquei em vários traços de personalidade) o mundo é feito de países ricos (UE e USA) e de países com taxas de crescimento superiores a 30% (tipo Índia e China), o resto é palha que tem de se deitar fora para jogar a "bisca". Espero que gostem e "mai" nada.
http://multimedia.rtp.pt/destaques_video_conteudo.php
é ir a este link e clicar em dia nove na grande entrevista
No comments:
Post a Comment